Edith Vieira (Didi), minha
mãe: quanta saudade!
É fácil chegar na sala,
abrir os braços e envolver a mãe como ela fez com você tantas vezes. Há quem
não faça, mas não sabe o que está perdendo.
É simples ligar pra mãe
e contar de novo o amor que tem por ela. Ou ir à sua casa e lhe dar o abraço
mais gostoso de que tem lembrança. Sabemos que muitos não fazem isso; não sabem
como ficariam mais ricos, mais plenos, mais fortes se o fizessem.
Sofrido é não ter como
olhar nos olhos da mãe, puxá-la pra junto do corpo e envolver-se com ela como
se voltassem a ser um só.
Quem vive isso sabe que
teve momentos na vida em que, como agora, não é possível tocá-la, abraçá-la,
beijá-la. Mas ela está ali. Está ali como sempre esteve, fosse ou não chamada.
Simplesmente porque esta é a primeira coisa que as mães aprendem: estar ali.
Estar junto, como Maria
esteve com Jesus.
A mãe é a companhia de
quem está inteiramente só.
Na situação extrema de
marginalização, convivendo com o medo e a violência em um presídio, sem
qualquer acesso ao mundo exterior, a imagem forte para um filho ou uma filha
que cumpre pena é a da mãe que continua amando incondicionalmente, esquece os
seus desvios e despreza a humilhação das revistas para estar próxima e
proporcionar um momento de carinho. Eis a lembrança da mãe como conforto.
É impossível esquecer o
primeiro colo, o primeiro cheiro, o calor da pele, a mão firme a conduzir, a
presença nos momentos de fragilidade.
Para uns, a mãe foi o
primeiro exemplo a seguir. A expressão da coragem, da firmeza para decisões
desafiadoras, a sugestão de um caminho. Ou simplesmente o ombro para chorar, a
leveza do entendimento de um erro e o estímulo para uma nova decisão.
Por isso, entendo
perfeitamente que Lula não está só. Entendo a força do momento em que ele e
Leonardo Boff se abraçaram para chorar a saudade de Dona Lindu. A companhia de
seus momentos de solidão ou fragilidade é a mesma Dona Lindu que tomou as mãos
dele e de seus irmãos e os levou para uma nova vida em São Paulo. E ali os
ajudou a cumprirem os seus destinos.
Tão distante desde que
a vela de sua vida se apagou, Didi, minha mãe, continua comigo. Sempre.
Estas mulheres estão
sempre conosco e merecem um beijo especial neste domingo.
Fernando
Tolentino
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