domingo, 29 de maio de 2011

OPOSIÇÃO E GRANDE MÍDIA CRIAM UM NOVO MENSALÃO?


A abordagem de Cláudio Ribeiro (veja abaixo texto RESSIGNIFICAÇÃO DE PALOCCI: A DEFESA DO PERSONAGEM SIMBÓLICO) é extremamente lúcida e muito oportuna.

Como a presidenta Dilma Roussef deixou claro, o ministro Antonio Palocci vem dando todas as informações necessárias para esclarecer a questão do crescimento de seu patrimônio e as continuará dando, sempre que solicitado.

A questão central, portanto, não é o crescimento patrimonial. Ou, pelo menos, não há sinais de irregularidade nele.

O que devemos atentar é com relação à postura assumida pela oposição e, principalmente, a sua repercussão na mídia.

Basta lembrar do seu silêncio com relação ao crescimento do patrimônio da filha de José Serra (50 mil vezes em 45 dias), que não mereceu qualquer destaque nos meios de comunicação. Ou mesmo o fato de que as digitais da turma do ex-concorrente tucano à Presidência foram encontrados no ruptura do sigilo de Palocci.

É importante, portanto, não esquecer do quão tenebroso se torna o quadro para a oposição à medida que se avizinham as eleições municipais de 2012.

Basta lembrar o discurso no momento em que José Serra reconheceu a derrota na disputa para a Presidência. Ao agradecer a meio mundo de colaboradores, omitiu justamente o de Aécio Neves, o nome que mesmo o mais desinformado dos eleitores brasileiros aposta como candidato tucano em 2014. Sem dúvida, uma declaração de guerra. A batalha veio a ganhar contornos ainda mais nítidos na convenção do PSDB, neste final de semana, com a eleição dos candidatos de Aécio para a Presidência (Sérgio Guerra) do Partido e do Instituto Teotônio Vilela (Tasso Jereissati), enquanto a mala Serra, para não chupar o dedo em público, teve que se contentar com a presidência de um conselho político da legenda.

O desbaratamento da oposição não fica nisso. Os tucanos já vêm perdendo quadros (inclusive a maior parte dos vereadores de São Paulo, a maior cidade do País), aliciados por Gilberto Kassab para o PSD, a legenda criada exatamente para que o prefeito se afastasse dos tucanos. O DEM, esse só não sumiu porque ainda há no Brasil quem creia em saci, coelhinho da Páscoa e Papai Noel. Substância mesmo ninguém encontra mais.

Até o PPS – que há muitos anos não consegue ter um caminho autônomo – vive trocando as pernas nas casas legislativas em que ainda tem representantes.

As eleições do ano que vem pareciam fadadas a ser um passeio para o PT e os partidos da base aliada à Presidenta. Ainda mais, muito mais, que as de 2004 para as forças que apoiavam Lula.

Se a situação ali levou à criação da história do episódio batizado pela mídia de “mensalão”, imagine agora.

Na época, era preciso a oposição ter algo que lhe permitisse dizer à opinião pública: “Vocês pensam que o PT é ético? Vejam que ele é que nem nós”. Com isso, até porque fatos desabonadores de fato ocorreram, deprimiram boa parte da militância petista e, especialmente, conseguiram animar partidos da base aliada a Lula a se coligarem com as legendas oposicionistas nas grandes cidades brasileiras.

Essa é a intenção principal da onda contra Palocci. PSDB, DEM e PPS não querem chegou aos pleitos municipais como seres repulsivos, com quem nem os noivos menos afortunados queiram se juntar.

De quebra, conseguem algum fôlego para atrair parlamentares de partidos aliados a Dilma para aventuras de rebeldia nas casas legislativas. Como se deu com a votação do Código Florestal na Câmara.

A imprensa... Ah! A grande imprensa... Quem esperava comportamento diferente?!

Fernando Tolentino

RESSIGNIFICAÇÃO DE PALOCCI: A DEFESA DO PERSONAGEM SIMBÓLICO


A caça ao ministro mais importante do governo Dilma tem os mesmos ingredientes que envolveram a queda de José Dirceu no primeiro mandato do presidente Lula: sensacionalismo seletivo da imprensa, ouriço político da oposição e traições da base governistas em votações no congresso.
Não se pretende aqui fazer uma defesa cega de Palocci ou elegê-lo ao "Olimpo" da probidade administrativa. Não é esse o raciocínio.
O raciocínio é pontual: os adversários de sempre, imprensa e oposição conservadoras, utilizam este episódio para fazer sangrar Dilma, imobilizar seu governo, escandalizar a opinião pública, tal como ocorreu em 2005 no caso do “mensalão”.
A reação tem que ser tão pesada quanto o ataque, não se pode passar a opinião pública uma imagem de acuo, beco sem saída, como tem se desenhado nas últimas semanas. É preciso contra-atacar: governo e apoiadores da sociedade, em todas as frentes.
Usuários progressistas de redes sociais, blogues e outras mídias, precisam compreender que o ataque continuará pesado e que agora os adversários vislumbram afastar do governo Dilma seus aliados da internet, fazendo com que a “derrama de denúncias” tenha também força e alcance negativo na rede mundial de computadores. Ceifando apoio de blogueiros independentes e transformando-os em disseminadores de propaganda negativa do governo.
A defesa de Palocci não significa tão somente a defesa do personagem político em si mesmo, neste momento o ministro da Casa Civil ganhou dimensões maiores que as que representa, de fato. Palocci é símbolo do governo forte saudável, por mais exagerada que esta afirmação possa parecer, visto sua posição destacada, desde a campanha até a sua nomeação para o alto cargo que ocupa no planalto. Palocci é a vidraça do governo e não faltam pedras e estilingues para lançá-las contra aquilo que, superdimensionado, significa.
O ministro precisa ser defendido não mais pela presunção de sua inocência, mas pelo significado que sua queda traria para o governo.
A queda de Palocci, nestas condições atuais, significaria um arranhão enorme para o PT e suas pretensões expansionistas nas eleições de 2012.
Também comprometeria a capacidade de articulação política do governo e poderia ascender grupos políticos conservadores para postos chaves, intermediários do governo no Congresso, adulterando, por pura necessidade de governabilidade, a agenda política ora vigente. Severino Cavalcanti ascendeu ao comando da Câmara em uma situação análoga a esta.
Além do, inevitável, afastamento de lideranças progressistas do governo, com um cenário como estes prevalecendo.
O governo poderia esvair-se de legitimidade à esquerda e tornar-se presa fácil dos fisiologistas de plantão pelo centro e á direita.
O preço é muito salgado demais, o sensacionalismo prevaleceria daí para frente, um espetéculo semanal de manchetes de jornais, revistais, TV's e portais da internet: requentando informações e alongando os capítulos à beira das eleições de 2014.
As eleições de 2012 estabelecem os territórios para quem quer chegar a 2014 em boas condições de lutar pelo poder central, um recuo do espaço hoje dominado pelos partidos governistas sinalizaria, distintamente, para dentro e fora das bases de sustentação.
Para dentro daria motivos necessários para aqueles que, por oportunismo hoje se mantém ao lado do governo, pular fora do barco.
Para fora daria sinais claros de que é possível derrotar o governo e sua coalizão heterogênea e dispersa, agregando novos aliados para a batalha eleitoral.
O governo Dilma enfrenta seu grande dilema e precisará contra-atacar com mais força e organização para evitar que estas ondas de denuncismos que atacam seu principal ministro não se transformem em um tsunami político.
O papel que creio ser o mais decisivo a se desempenhar pela blogosfera progressista nesta batalha, seja o de defender o governo contra seus detratores e preservar o ministro Palocci, principalmente pelo o que ele significa para o governo da presidenta Dilma e todos os avanços alcançados, na economia e no social desde 2003, não necessariamente pela sua representação política pessoal.
Palocci de pé é o necessário pilar de sustentação do Novo Brasil que precisa continuar avançando, se sairá um dia do governo, definitivamente não é este o momento adequado, juntar-se aos apedrejadores da oposição e da imprensa conservadora criará um vácuo no agrupamento daqueles que se proclamam progressistas e permitirá que avancem os conservadores sobre um território disperso, em conflito e fácil de ser vencido, tal como se tornou a articulação política nas últimas votações parlamentares.
Palocci deixou de ser pessoa física para resignificar nome de uma luta travada severamente pela hegemonia política do país.


Cláudio Ribeiro, no Blog Palavras Diversas

terça-feira, 17 de maio de 2011

TV CIDADE LIVRE CHEGA AOS 13 ANOS

Sessão solene da Câmara Legislativa do Distrito Federal foi palco na noite deste dia 17 de maio para a comemoração de 13 anos da TV Cidade Livre (Canal 8 da Net), a televisão comunitária de Brasília.

Nada de espetáculos feéricos de luzes e som, tietes assediando estrelas ou desfile de autoridades engravatadas tecendo loas à empresa e seus proprietários.

Ao contrário, jovens praticantes de hip-hop, militantes negros e do movimento feminino, integrantes do Movimento dos Sem-Terra, sindicalistas, artesãos, intelectuais e artistas mantidos mais ou menos à margem pelo mercado. Autoridades? Sim. O deputado Wasny de Roure (PT), autor da iniciativa, a deputada federal Érika Kokay (PT-DF), os embaixadores de Cuba, Venezuela e Iran, além de outros diplomatas bolivianos e angolanos, alguns ocupantes de importantes cargos públicos do Governo do Distrito Federal, representantes de grande número de sindicatos e outras entidades populares, além da OAB.

O coquetel – vinho, pães e queijo – veio diretamente da terra e das mãos de trabalhadores vinculados ao MST.

Os pronunciamentos se afunilaram na crítica ao padrão da televisão comercial brasileira, em que a sociedade não se sente representada, e no destaque ao papel cumprido pela emissora em seus 13 anos de atividade.

O questionamento ao padrão de TV dos grandes conglomerados de comunicação está colocado. Ainda hoje, o Ibope assinala que, pela primeira vez, os índices da Record ultrapassaram pela primeira vez os da Globo em todo o turno matutino, sugerindo que o público está em busca de novidade, ainda que não necessariamente encontrando o que quer. É nisso que acredita a unanimidade dos oradores que homenagearam a emissora.

Distante do grande público, acessível apenas para usuários de televisão a cabo, a TV Cidade Livre vem cumprindo o seu papel. Capitaneada pelos jornalistas Beto Almeida (presidente) e Paulo Miranda, tem como associados mais de meia centenas de entidades da comunidade brasiliense e diversos sindicatos, além da Federação Nacional de Jornalistas. Durante a solenidade, foi anunciada a filiação do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civi, o primeiro constituído na capital do País, ainda em 1958.

A TV Cidade Livre orgulha-se de haver transmitido, na íntegra, o Congresso Nacional do MST, o maior congresso camponês da América Latina, que contabilizou cerca de 20 mil participantes. Um feito realmente impensável na TV comercial brasileira. Como também várias edições do Fórum Social Mundial, inclusive o realizado na África.

Realizou debates entre candidatos ao governo local e à Reitoria da UnB e chegou a sediar a apuração do Plebiscito da Dívida Externa, realizado sob os auspícios da CNBB.

A TV tem aberto espaço para discussões que raramente chegam à telinha na programação comercial das grandes emissoras de canal aberto, como o tratamento sem preconceito da luta pela reforma agrária, a abertura para a defesa da nacionalização do nióbio ou, ultimamente, a defesa da Voz do Brasil, que as emissoras vinculadas à Abert se unem para tentar aniquilar.

A TV chega a promover (no “Ponto de Cultura TV em Movimento - Escola de Mídia Comunitária”, que conta com o apoio do MEC) oficinas com jovens de comunidades humildes de Taguatinga e Ceilândia, Itapoã, Sobradinho, Planaltina, Vale do Amanhecer, Riacho Fundo e outras localidades para o aprendizado de técnicas de televisão. Ali, os jovens aprendem a escrever roteiros e realizar os seus próprios programas, filmando, gravando e editando-os.

A novidade da noite foi o anúncio, por Beto Almeida, de dois novos projetos: o Direito de Antena e o Pioneiros. No primeiro, grupos da comunidade organizada poderão ocupar espaços na emissora para darem seus recados, levarem as suas mensagens sem terem que se submeter à edição dos programas pela emissora. O Pioneiros vai recolher depoimentos de pessoas que viveram os primeiros dias de Brasília, o período em que a capital começava a ser implantada.

A TV Cidade Livre, como se vê, promete aprofundar o seu compromisso de refletir o meio social em que está inserida, levando à telinha aquilo que é desprezado, censurado ou escondido pela grande televisão comercial.

Longa vida à TV Cidade Livre!

Fernando Tolentino

domingo, 8 de maio de 2011

QUEM É BIN LADEN PARA OS ESTADOS UNIDOS?

 
A sociedade dos Estados Unidos se levantou, carregando junto os índices de popularidade do presidente Barack Obama, que se deterioravam diante da incapacidade de articular suas forças políticas e cumprir as promessas de campanha.

Ninguém se lembra disso... O que lhes importa agora é que a honra nacional foi lavada com sangue. Aquele a quem o governo Bush tributou o atentado contra as torres gêmeas do World Trade Center foi assassinado sumariamente, em uma ação paramilitar comandada pelo governo dos Estados Unidos.

Valeu tudo! A obtenção da informação do paradeiro de Bin Laden à custa da tortura de um preso na base militar de Guantánamo, a invasão do território paquistanês, a execução de um homem desarmado e o sequestro de seu corpo. Além da posterior “ocultação de cadáver”, já que o corpo não foi entregue à família, mas simplesmente lançado ao mar.

Um crime atrás do outro, perpetrados pelo governo de um país que tenta se afigurar como uma insofismável democracia.

Pior, toda a ação se deu sem o questionamento de qualquer segmento político daquele país e com o aplauso entusiasmado da população.

Obama resolveu fazer a mesma trajetória do seu antecessor, abusando do terrorismo de estado para angariar apoio popular.

Cometeu um erro. Bush soube preservar Bin Laden vivo, oculto, como uma ameaça a que poderia recorrer a qualquer hora em que quisesse promover uma nova escalada bélica, um novo reforço orçamentário para fins militares.

A Obama não resta mais que desfrutar do nível de popularidade que lhe foi proporcionado pela generosidade do cadáver de Bin Laden.

Agora, acabou. Não há mais Bin Laden para liquidar. E a euforia vingativa da sociedade dos Estados Unidos não vai se manter por todo o seu mandato.

Obama trate de perseguir o cumprimento das promessas de campanha, sob pena de ter que inventar um novo fantasma para enfrentar.

Fernando Tolentino

Sobre a execução de Bin Laden e a euforia resultante, não deixe de ler (abaixo) o excelente artigo do sempre lúcido Leonardo Boff.

A MORTE DE BIN LADEN


Fez-se vingança, não justiça
 
Alguém precisa ser inimigo de si mesmo e contrário aos valores humanitários mínimos se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado ele mesmo num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do pais. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Iraque, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade na qual foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.
 
Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman de Melbourne Beach da Flórida que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao Presidente: "Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso Governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso Governo faz coisas odiosas”.
 
Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews de 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Havia advertido à CIA e ao Presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o Governo quando viu que com mentiras e falsidades Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que por saúde e decência se demitiu do cargo.
 
Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Cita o livro de Eduardo Galeano “As veias abertas da A.Latina” para ilustrar as barbaridades que os órgãos de Inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos Governos, fundado no uso da inteligiência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu três tomos “Blowback”(retaliação) onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro. Este é o pano de fundo para entendermos a atual situação que culminou com a execução criminosa de Osama Bin Laden.
 
Os órgãos de inteligência norte-americanos são uns fracassados. Por dez anos vasculharam o mundo para caçar Bin Laden. Nada conseguiram. Só usando um método imoral, a tortura de um mensageiro de Bin Laden, conseguiram chegar ao seu esconderijo. Portanto, não tiveram mérito próprio nenhum.
 
Tudo nessa caçada está sob o signo da imoralidade, da vergonha e do crime. Primeiramente, o Presidente Barak Obama, como se fosse um “deus” determinou a execução/matança de Bin Laden. Isso vai contra o princípio ético universal de “não matar” e dos acordos internacionais que prescrevem a prisão, o julgamento e a punição do acusado. Assim se fez com Hussein do Iraque,com os criminosos nazistas em Nürenberg, com Eichmann em Israel e com outros acusados. Com Bin Laden se preferiu a execução intencionada, crime pelo qual Barak Obama deverá um dia responder. Depois se invadiu território do Paquistão, sem qualquer aviso prévio da operação. Em seguida, se sequestrou o cadáver e o lançaram ao mar, crime contra a piedade familiar, direito que cada família tem de enterrar seus mortos, criminosos ou não, pois por piores que sejam, nunca deixam de ser humanos.
 
Não se fez justiça. Praticou-se a vingança, sempre condenável. "Minha é a vingança" diz o Deus das escrituras das três religiões abraâmicas. Agora estaremos sob o poder de um Imperador sobre quem pesa a acusação de assassinato. E a necrofilia das multidões nos diminui e nos envergonha a todos.
 
Leonardo Boff
Publicado originalmente no blog de Luis Nassif
(sexta-feira, 6 de maio de 2011)