segunda-feira, 14 de julho de 2014

EU SOU BRASILEIRO COM MUITO ORGULHO E COM MUITO AMOR






A Exposição Universal de 1889 foi a forma escolhida pelo governo francês para celebrar o centenário da sua revolução. Para tornar ainda mais marcante o evento, decidiu erigir um monumento no Campo de Marte, no centro de Paris, realizando um concurso para a escolha do projeto. Venceu o do engenheiro Gustave Eiffel, uma torre com 324 metros de altura, o maior edifício de todo o mundo àquela época. Concluídas as festividades, quem ousaria desmontar a Torre Eiffel? Acabou não só sendo mantida, como se tornou o próprio símbolo da França moderna.
O que talvez pudessem esperar os brasileiros a partir de hoje, encerrada a Copa do Mundo, a julgar pelo que viram durante anos de noticiários?
Então aquele metrô ainda está em funcionamento? Veículos sobre trilhos e pneus continuam circulando? Os estádios não estão sendo desmontados? Avenidas, pontes e viadutos ainda estão lá? Aeroportos vão ficar por aí? Policiais não estão sendo demitidos?
Não eram somente obras para a Copa?
A Torre Eiffel não teria “serventia” e deve ter consumido recursos negados a várias necessidades dos franceses de 1889. Mas ainda é o monumento pago mais visitado do mundo. Mesmo não podendo ainda ser definida como propriamente uma “utilidade” para os parisienses e demais franceses, rende certamente dividendos muito superiores aquele investimento. Como rende o Cristo Redentor para o Rio de Janeiro e mesmo o Brasil.
Isso se chama legado.
O Mané Garrincha (o “elefante branco”, lembram?) já havia recebido mais público antes da Copa que o velho estádio recebera em 35 anos. Durante a Copa, esteve entre os de maior presença de torcedores. E já ninguém é capaz de apostar que deixe de ser uma referência como sede de eventos, inclusive importantes partidas de futebol. Querem apostar?
Desde a inauguração, aeroportos, hotéis, avenidas, ciclovias, viadutos, estradas estão à disposição dos brasileiros. Mas também de estrangeiros que conheceram o Brasil diretamente ou por meio de milhares de jornalistas que se deslumbraram com o que viram. E, claro, com o acolhimento que lhes deram os brasileiros e que dificilmente encontram em outro lugar do mundo. Se esse crescimento do turismo se deu na Coréia, no Japão ou na África do Sul, por que não seria assim no Brasil?
Mas não é só. O investimento foi otimizado, pois vêm aí Olimpíadas e Para-Olimpíadas, inundando mais uma vez o Brasil de atletas, jornalistas e, principalmente, turistas.
Mas quem disse que o legado está restrito a obras? E a preparação de pessoal para o turismo receptivo? E o fortalecimento e a capacitação de nossas polícias?
Aliás, ninguém esqueça que um dos mais importantes legados foi a credibilidade. Turistas e jornalistas saíram daqui definindo o Brasil como um país seguro. Ou pelo menos extremamente mais seguro do que lhe assegurava a mídia brasileira. Fora um alemão mais afoito que se afogou no mar da Bahia, uma executiva que não resistiu a um AVC em Salvador, os belgas irresponsáveis que resolveram fazer uma ultrapassem proibida a caminho de Brasília, são quantos mesmo os casos de mortes? Ou até de vítimas de agressões, de assaltos, de violência? Quantas manifestações violentas impediram a chegada aos estádios?
Para que ninguém esqueça de rasgar um elogio às forças de segurança brasileiras, acabou desbaratada uma quadrilha enquistada na antessala da própria FIFA e que agira mais ou menos livremente na África do Sul e em países que deixam nossas elites embevecidas, como Japão, Coréia, França e Alemanha.
Mas cidadãos comuns deram também mostras eloquentes de que não vivemos em um país de bandidos. Ou já não lembramos dos garis paranaenses devolvendo o ingresso encontrado no lixo, do taxista de São Paulo que levou aos mexicanos os 40 ingressos esquecidos em seu carro ou da desempregada nordestina restituindo os dólares perdidos pelos turistas?
Foi só? Um dia poderemos avaliar a quantidade de negócios paralelos que a vinda de centenas de milhares de estrangeiros oportunizou.
O mundo se curvou e felicita o Brasil pela Copa das Copas, a tão ridicularizada expressão cunhada por Dilma Rousseff, que virou troça nas bocas, nos cartazes, nas linhas e nos sinais de TV em que só se alimentava o receio do #nãovaitercopa. Foi melhor Copa de todos os tempos, segundo relatos de turistas, jornalistas internacionais, atletas e cartolas estrangeiros e inclusive os rabugentos dirigentes da FIFA.
Fico até imaginando o que se passa nas cabeças dos russos, receando que a Copa de 2018 frustre quem quiser encontrar algo à altura da que realizamos. Se conseguirem ter a necessária estrutura, a indispensável organização, como aqui oferecidas, dificilmente terão um país tão aprazível, com as suas belezas naturais. Se também conseguirem deslumbrar os visitantes com sua natureza, terão um povo tão entusiasticamente receptivo?  
Não faltasse mais nada, a Copa de 2014 foi a que reuniu maior número de mandatários internacionais. A presidenta Dilma Rousseff teve a chance de fazer importantes encontros bilaterais com nove chefes de estados e governos estrangeiros, que não perderiam uma Copa no Brasil por nada deste mundo. E, no final, o fecho triunfal: a realização da cúpula dos BRICS, para bater o martelo na criação de um organismo alternativo ao antes tão famigerado Fundo Monetário Internacional.
Deixe resmungarem, dizendo-se envergonhados, quem estranhamente mais faturou com a Copa do Mundo no Brasil.
A seleção canarinho (logo ela!) foi um fiasco. Não ganhamos o Hexa. Espero poder dizer que ainda não ganhamos! Quem sabe esse não seja mais um legado? O momento ainda não é de respostas. Por enquanto, a mesma mídia que tenta colocar a perda do título no colo do governo, como se lhe coubesse culpa, dirigisse o futebol, faz um estardalhaço quando o governo propõe uma revisão total na anacrônica estrutura desse mesmo futebol. Alega que governo não pode se meter nisso. Mas não foi dele a culpa?!
A verdade é que, se ainda não vencemos o Hexa, O BRASIL GANHOU A COPA!
E eu sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor.
Fernando Tolentino
Se quiser pode entrar no clima e ouvir
https://www.youtube.com/watch?v=l01ndIT2ruA&feature=youtu.be

quarta-feira, 9 de julho de 2014

PERDEMOS A COPA QUE GANHAMOS





OU GANHAMOS A COPA QUE PERDEMOS
Há quem confunda a seleção com o Brasil, o País, a Nação. Houve cenas malucas de gente queimando a bandeira! Tipo de gente que vaiaria o hino do Chile antes de ter a notícia de um resultado negativo.
Ou quem misture seleção e governo. Esses são os mesmos aproveitadores que, ao apostar na incapacidade nacional de se preparar para a Copa, no seu insucesso, fez de conta que os esforços (inclusive os recursos) não seriam coletivos e jogou a população contra o governo federal. Não quis dizer que estádios seriam construídos (e foram) por instituições privadas, como Corinthians, Atlético e Internacional, e governos, entre eles os de estados governados por PMDB, PSDB, PT, PSB. O governo Dilma deu o apoio, com financiamento (eu disse financiamento!) do BNDES. Quando um viaduto caiu, em obra contratada, administrada e fiscalizada por Prefeitura ligada ao PSB (de prefeito que tem problemas com seu partido porque apoia o PSDB), essa gente quis vincular a obra ao governo federal!
Pessoas tão justamente revoltadas quanto desprovidas de consciência seguem uns e outros aproveitadores. São pessoas que xingaram a presidenta na abertura da Copa, vaiaram o hino do Chile e, ontem, promoveram baderna ou esmurraram um cidadão alemão, levando-o à surdez!
Chegou a hora de abrir os olhos e pôr a cabeça em funcionamento. O futebol brasileiro precisa urgentemente de uma reestruturação. A verdade e o futuro estão muito mais próximos do BOM SENSO FUTEBOL CLUBE, do que da corrupta e viciada CBF e seus interesses econômicos nefastos. Inclusive os que obrigam os torcedores brasileiros a acompanhar o futebol por uma única rede de TV ou proíbem de acompanhar os que querem ver jogos que ela decide não transmitir.
Desastres acontecem sim. Principalmente com um time limitado, sem brilho, pouco treinado e que os interesses publicitários transformam em refém de um único atleta.
É preciso identificar o problema onde ele está.
Meus parabéns aos que conseguiram preparar um espetáculo grandioso. Novos e lindos estádios sim, não menos que 12. Novas vias de acesso a esses estádios e outras para melhorar a circulação nas cidades. Não mais que algumas, carentes de conclusão das obras, mas todas para permanecerem após a Copa, servindo diariamente às populações. Construção de quantidade de hotéis que tornou o serviço suficiente para atender milhares de turistas nacionais e estrangeiros que circularam pelo Brasil nesses dias. Treinamento de trabalhadores e prestadores de serviço, inclusive em línguas estrangeiras. Jamais esquecer que todo esse esforço foi além das cidades-sedes, pois várias outras se prepararam para abrigar seleções estrangeiras, inclusive com campos de treinamento, ou para receberem levas enormes de turistas que aproveitaram para conhecer (e amar) o Brasil.
Só os tolos são capazes de imaginar que tudo isso foi obra apenas do governo federal. Ele coordenou o processo e forneceu financiamento, méritos que não dá pra negar. Mas isso envolveu iniciativa privada, governos estaduais e municipais, com a sopa de letrinhas dos partidos que governam esses estados e municípios.
Um destaque especial para as polícias. Cadê as badernas? As agitações e depredações? Estatísticas vão acabar revelando que os índices de criminalidade reduziram-se durante as Copas. São esporádicos os casos de turistas com histórias negativas de insegurança. Comparáveis aos casos dos garis que encontraram e devolveram o ingresso de um jogo, de gratidão de mexicanos que receberam de volta os ingressos esquecidos em um táxi ou de uma mulher que conseguiu reaver os dólares encontrados por uma brasileira, por sinal desempregada. Duas mortes de visitantes: a vice-presidente da coca-cola japonesa encontrada sem vida no quarto de hotel, vítima de um AVC; um alemão que não conseguiu se impor à força do mar e morreu afogado.
Por último, nossa polícia ganhou a admiração e o respeito de todo o mundo também por conseguir desbaratar esquema de corrupção que passou livremente pela África do Sul, pela Coreia do Sul, pelo Japão, pela Alemanha e pela França.
Outro destaque é o nosso povo. Do jeito que ele é. Acolhedor, simpático, prestativo, de uma alegria contagiante e a cultura e a beleza proporcionadas pela,miscigenação de praticamente todas as raças do universo.
A infraestrutura, a demonstração da capacidade de prestação de serviços adequados, ao lado de nossas belezas naturais, nosso clima e nosso povo serão os grandes vitoriosos dessa Copa. Uma vitória que permanecerá, com melhores serviços para os brasileiros e a atração, daqui para a frente, de multidões de turistas estrangeiros. Da mesma forma que se deu em todos os países que realizaram Copas, mas com muito maior intensidade, pois somos maiores, mas receptivos e mais belos.
Que pena! Perdemos no futebol. Justamente onde imaginávamos ser imbatíveis.
Fernando Tolentino