segunda-feira, 10 de setembro de 2012

11 DE SETEMBRO MAIS 11 DE SETEMBRO


Amanhã é 11 de setembro.

O mundo midiático vai lembrar da explosão das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque.

Apesar da cortina de silêncio, muitos lembrarão da derrubada de Salvador Allende, então presidente eleito do Chile, em 11 de setembro de 1973, quando foi explodido o Palácio de la Moneda e instaurou-se o golpe que pôs no poder o general Augusto Pinhochet.

Veja o documentário de Ken Loach no endereço abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=7vrSq4cievs&feature=player_embedded

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Quando Miliane minha filha, soube-se grávida há algumas semanas, o companheiro dela publicou, sobre  o sonho de paternidade/maternidade deles, o poema "O mais belo mistério da natureza".
Esta semana, Miliane responde com um poema de sua autoria ("Segredos de uma breve existência"), explicando que a gestação foi frustrada, caracterizando-se como uma gravidez anembrionária. As poesias também foram postadas no blog dela: http://milianetahira.blogspot.com/.
Não resisti à emoção do momento e à beleza das duas declarações e as reproduzo aqui.

O mais belo mistério da natureza
 
O mar apareceu na minha frente,
Suspirei todo o ar do universo e uma onda de emoção inundou o meu ser,
Risos e lágrimas sem fim.

Toda minha vida transformada num instante.
Não existe milagre maior,
... É o mais belo mistério da natureza,
Um símbolo prodigioso da felicidade eternizada.
Poesia Inexprimível.
Sou Pai.
Tássio Revelat
  
Segredos de uma breve existência

Existência ou (Ex)sistência
Quando um sonho vira saudade
Que segredos guardados
resistem nessa verdade?

Algo de tão real que vivido
Que mistérios imprimido
Quando de sonho virá pó...


Crer na verdade dessa não realidade
Mensagem ou luz?
Beleza efêmera dessa quase vida
Pressentida que sendo, não foi..


Na terra não flui essa esfera
de forma amorfa, irregular, sem Quimera


Mas reside em outros Espaços,
De Existências plurais,
Um ser que é...


Energia de vida
Aqui não compreendida
Reconhecida como cinza


Mas é canção de amor
Que só poetas podem reconhecer o valor


Vai viva´lma se assim foi
navegar por esses mundos
espaços profundos
De belezas inexatas


Vai serana, vai em paz,
por um breve momento
em sonhos acordados
existiu para mãe e pai...


Como sabemos extrair
qual sua missão,
Que seja nobre e ao longe,
Em uma cadência infinita


Viva outras vidas!!!!!

Miliane Tahira

O MAIS BELO MISTÉRIO DE UMA BREVE EXISTÊNCIA


Quando Miliane minha filha, soube-se grávida há algumas semanas, o companheiro dela publicou, sobre  o sonho de paternidade/maternidade deles, o poema "O mais belo mistério da natureza".
Esta semana, Miliane responde com um poema de sua autoria ("Segredos de uma breve existência"), explicando que a gestação foi frustrada, caracterizando-se como uma gravidez anembrionária. As poesias também foram postadas no blog dela: http://milianetahira.blogspot.com/.
Não resisti à emoção do momento e à beleza das duas declarações e as reproduzo aqui.

O mais belo mistério da natureza
 
O mar apareceu na minha frente,
Suspirei todo o ar do universo e uma onda de emoção inundou o meu ser,
Risos e lágrimas sem fim.

Toda minha vida transformada num instante.
Não existe milagre maior,
... É o mais belo mistério da natureza,
Um símbolo prodigioso da felicidade eternizada.
Poesia Inexprimível.
Sou Pai.

Tássio Revelat






Segredos de uma breve existência
Existência ou (Ex)sistência
Quando um sonho vira saudade
Que segredos guardados
resistem nessa verdade?

Algo de tão real que vivido
Que mistérios imprimido
Quando de sonho virá pó...

Crer na verdade dessa não realidade
Mensagem ou luz?
Beleza efêmera dessa quase vida
Pressentida que sendo, não foi..

Na terra não flui essa esfera
de forma amorfa, irregular, sem Quimera

Mas reside em outros Espaços,
De Existências plurais,
Um ser que é...

Energia de vida
Aqui não compreendida
Reconhecida como cinza

Mas é canção de amor
Que só poetas podem reconhecer o valor

Vai viva´lma se assim foi
navegar por esses mundos
espaços profundos
De belezas inexatas

Vai serana, vai em paz,
por um breve momento
em sonhos acordados
existiu para mãe e pai...

Como sabemos extrair
qual sua missão,
Que seja nobre e ao longe,
Em uma cadência infinita

Viva outras vidas!!!!!

Miliane Tahira


BUFFET FARTO, ORQUESTRA AFINADA E PISTA VAZIA


Saul Leblon

Há certo gosto de decepção no ar. O conservadorismo que durante meses, anos, cultivou o julgamento do chamado mensalão como uma espécie de terceiro turno sanitário, capaz de redimir revezes acumulados desde 2002 no ambiente hostil do voto, de repente percebe-se algo solitário na festa feita para arrebanhar multidões.
Como assim se os melhores buffets da praça foram contratados; a orquestra ensaiou cinco anos a fio e o repertório foi escolhido a dedo?
Por que então a pista está vazia?
Pouca dúvida pode haver, estamos diante de um evento de coordenação profissional.
O timming político coincide exatamente com o calendário eleitoral de 2012; a similitude e a precedência comprovadas do PSDB na mesma e disseminada prática de caixa 2 de campanha - nem por isso virtuosa -, e que ora distingue e demoniza o PT nas manchetes e sentenças, foi enterrada no silêncio obsequioso da mídia.
Celebridades togadas não sonegam seu caudaloso verbo à tarefa de singularizar o que é idêntico.Tudo caminha dentro do figurino previsto, costurado com o afinco das superproduções, o que falta então?
Apenas o essencial: a alegria do povo.
A população brasileira não tem ilusões. Ninguém enxerga querubins no ambiente nebuloso da luta política. Consciente ou intuitiva, ela sabe a seu modo que a política brasileira não é o que deveria ser: o espaço dos que não tem nenhum outro espaço na economia e na sociedade.
A distância em relação ao ambiente autofestivo da mídia condensa essa sabedoria em diferentes versões.
Privatizada pelo financiamento de campanha a cargo dos mercados, a política foi colonizada pelos mercadores. Afastada do cidadão pelo fosso cravado entre a vontade da urna e o definhamento do voto no sistema representativo, a política é encarada exatamente como ela é: um matrimônio litigioso entre a esperança e a decepção.
O PT do qual se cobra aquilo que não se pratica em muitos círculos - à direita e à esquerda - é protagonista dessa ambiguidade; personagem e cronista dos seus limites, possibilidades e distorções.
Que tenha aderido à lógica corrosiva do financiamento eleitoral vinculado ao caixa 2 das empresas e , ao mesmo tempo, protagonizado um ciclo de governo que faz do Brasil hoje o país menos desigual de sua história (de obscena injustiça social), ilustra a complexidade desse jogo pouco afeito a vereditos binários.
Essa ambiguidade não escapa ao discernimento racional ou intuitivo da sociedade.
Se por um lado semeia degenerações clientelistas e apostas recorrentes nos out-siders que se apresentam como entes 'acima dos partidos', ao mesmo tempo é uma vacina de descrença profilática em relação a encenações de retidão como a que se assiste agora.
A repulsa epidêmica dos eleitores de São Paulo a um dos patrocinadores
desse rega-bofe, do qual se imaginava o principal beneficiário, é sintomática do distanciamento que amarela o riso de vitória espetado nos cronistas convidados a animar o evento.
O baixo custo eleitoral do julgamento em curso no STF, contudo, não deve ensejar alívio ou indiferença na frente progressista da qual o PT é um polo central.
O julgamento do chamado 'mensalão' por certo omite o principal e demoniza o secundário. Ao ocultar a dimensão sistêmica a qual o PT aderiu para chegar ao poder, sanciona o linchamento de um partido democrático, uma vez que desautoriza seu principal argumento de defesa.
A meia-verdade atribuída aos réus do PT pelos togados e promotores está entranhada na omissão grotesca da história de que se ressentem suas sentenças pretensiosamente técnicas, envelopadas em liturgia mistificadora.
A pouca ou nenhuma influência eleitoral desse engenhoso ardil que elegeu a ausência de provas como a principal prova condenatória diz o bastante sobre o alcance da hipocrisia vendida como marco zero da moralidade pública pelos vulgarizadores midiáticos.
Não é esse porém o acerto de contas com o qual terá que se enfrentar o PT.
Após uma década no governo federal, o partido, seus intelectuais, lideranças e aliados nos movimentos sociais tem um encontro marcado com uma indagação incontornável, que não é nova na história das lutas sociais: em que medida um partido progressista tem condições de se renovar depois da experiência do poder? Em que medida tem algo a dizer sobre o passo seguinte da história?
O legado inegociável das conquistas acumuladas nesses dez anos entrou na casa dos brasileiros mais humildes, sentou-se à mesa, integrou-se à família. Ganhou aderência no imaginário social.
Não é preciso desconhecer os erros e equívocos para admitir que essa década mudou a pauta da política; alterou a face da cidadania; redefiniu as fronteiras do mercado e da produção.Deu ao Brasil uma presença mundial que nunca teve.
Com todas as limitações sabidas, criou-se uma nova referência histórica no campo popular em que antes só avultava a figura de Getúlio Vargas.
Lula personifica essa novidade que a população entende, identifica e respeita.
E que o enredo do 'mensalão' gostaria de sepultar.
Não está em jogo abdicar do divisor conquistado, mas sim ultrapassá-lo. Avulta que o percurso concluído abriu flancos, sugou agendas, talhou cicatrizes e escavou revezes de esgotamento, dos quais o julgamento em curso no STF é um exemplo ostensivo. Todavia não o principal.
Existe uma moldura histórica mais ampla a saturar esse ciclo.
O colapso da ordem neoliberal, os riscos intrínsecos espetados na desordem financeira e ambiental em curso no planeta - suas ameaças às conquistas brasileiras - formam um condensado de culminâncias que pede desassombro na renovação da agenda da democracia e do desenvolvimento para ser afrontado.
O caminho não será trilhado, menos ainda liderado, por forças e partidos incapazes de incluir na bússola do trajeto o ponteiro da autocrítica política e de um aggiornamento organizativo coerente com a renovação cobrada pela história.
O carro de som da direita faz barulho por onde passa nesse momento. Mas isso não muda a qualidade da mercadoria que apregoa.
O que o alarido dos decibéis busca vender, na verdade, é o velho pote de iogurte vencido e rançoso, cuja versão eleitoral em São Paulo tem 43% de rejeição popular.

A resposta da frente progressista à qual o PT se insere não pode ser a mera denúncia da propaganda enganosa.
Urge esquadrejar revezes e resoluções para renovar o próprio estoque de metas e métodos requeridos pelo passo seguinte da história.

Saul Leblon. Publicado originalmente no Blog das Frases, em 31/08/2012