A caça ao ministro mais importante do governo Dilma tem os mesmos ingredientes que envolveram a queda de José Dirceu no primeiro mandato do presidente Lula: sensacionalismo seletivo da imprensa, ouriço político da oposição e traições da base governistas em votações no congresso.
Não se pretende aqui fazer uma defesa cega de Palocci ou elegê-lo ao "Olimpo" da probidade administrativa. Não é esse o raciocínio.
O raciocínio é pontual: os adversários de sempre, imprensa e oposição conservadoras, utilizam este episódio para fazer sangrar Dilma, imobilizar seu governo, escandalizar a opinião pública, tal como ocorreu em 2005 no caso do “mensalão”.
A reação tem que ser tão pesada quanto o ataque, não se pode passar a opinião pública uma imagem de acuo, beco sem saída, como tem se desenhado nas últimas semanas. É preciso contra-atacar: governo e apoiadores da sociedade, em todas as frentes.
Usuários progressistas de redes sociais, blogues e outras mídias, precisam compreender que o ataque continuará pesado e que agora os adversários vislumbram afastar do governo Dilma seus aliados da internet, fazendo com que a “derrama de denúncias” tenha também força e alcance negativo na rede mundial de computadores. Ceifando apoio de blogueiros independentes e transformando-os em disseminadores de propaganda negativa do governo.
A defesa de Palocci não significa tão somente a defesa do personagem político em si mesmo, neste momento o ministro da Casa Civil ganhou dimensões maiores que as que representa, de fato. Palocci é símbolo do governo forte saudável, por mais exagerada que esta afirmação possa parecer, visto sua posição destacada, desde a campanha até a sua nomeação para o alto cargo que ocupa no planalto. Palocci é a vidraça do governo e não faltam pedras e estilingues para lançá-las contra aquilo que, superdimensionado, significa.
O ministro precisa ser defendido não mais pela presunção de sua inocência, mas pelo significado que sua queda traria para o governo.
A queda de Palocci, nestas condições atuais, significaria um arranhão enorme para o PT e suas pretensões expansionistas nas eleições de 2012.
Também comprometeria a capacidade de articulação política do governo e poderia ascender grupos políticos conservadores para postos chaves, intermediários do governo no Congresso, adulterando, por pura necessidade de governabilidade, a agenda política ora vigente. Severino Cavalcanti ascendeu ao comando da Câmara em uma situação análoga a esta.
Além do, inevitável, afastamento de lideranças progressistas do governo, com um cenário como estes prevalecendo.
O governo poderia esvair-se de legitimidade à esquerda e tornar-se presa fácil dos fisiologistas de plantão pelo centro e á direita.
O preço é muito salgado demais, o sensacionalismo prevaleceria daí para frente, um espetéculo semanal de manchetes de jornais, revistais, TV's e portais da internet: requentando informações e alongando os capítulos à beira das eleições de 2014.
As eleições de 2012 estabelecem os territórios para quem quer chegar a 2014 em boas condições de lutar pelo poder central, um recuo do espaço hoje dominado pelos partidos governistas sinalizaria, distintamente, para dentro e fora das bases de sustentação.
Para dentro daria motivos necessários para aqueles que, por oportunismo hoje se mantém ao lado do governo, pular fora do barco.
Para fora daria sinais claros de que é possível derrotar o governo e sua coalizão heterogênea e dispersa, agregando novos aliados para a batalha eleitoral.
O governo Dilma enfrenta seu grande dilema e precisará contra-atacar com mais força e organização para evitar que estas ondas de denuncismos que atacam seu principal ministro não se transformem em um tsunami político.
O papel que creio ser o mais decisivo a se desempenhar pela blogosfera progressista nesta batalha, seja o de defender o governo contra seus detratores e preservar o ministro Palocci, principalmente pelo o que ele significa para o governo da presidenta Dilma e todos os avanços alcançados, na economia e no social desde 2003, não necessariamente pela sua representação política pessoal.
Palocci de pé é o necessário pilar de sustentação do Novo Brasil que precisa continuar avançando, se sairá um dia do governo, definitivamente não é este o momento adequado, juntar-se aos apedrejadores da oposição e da imprensa conservadora criará um vácuo no agrupamento daqueles que se proclamam progressistas e permitirá que avancem os conservadores sobre um território disperso, em conflito e fácil de ser vencido, tal como se tornou a articulação política nas últimas votações parlamentares.
Palocci deixou de ser pessoa física para resignificar nome de uma luta travada severamente pela hegemonia política do país.
Cláudio Ribeiro, no Blog Palavras Diversas
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