sábado, 2 de julho de 2016

MESQUINHARIA SE PAGA COM SOLIDARIEDADE



Sete meses se passaram desde a ridícula carta (7 de dezembro de 2015) que, traiçoeiramente, o vice-presidente Michel Temer vazou para a imprensa a carta em que, melindrado, parecia querer discutir a relação com a presidente Dilma Rousseff.
Temer reafirmaria o lastimável traço de seu caráter quatro meses depois (11 de abril de 2015), então vazando uma conversa de whatsapp, na qual fala como se estivesse sendo empossado em novo governo, antecipando posturas e oferecendo garantias. Que, aliás, não cumpriu. Como manter e reforçar os programas sociais do governo de sua companheira de chapa de 2014.
Lembrei de quando meu pai, membro da Academia de Letras da Bahia, recebia telefonemas em que candidatos a integrar a entidade pediam votos para vagas que surgiriam com a morte de titulares até então apenas adoentados.
O segundo vazamento de Temer veio pouco menos de uma semana antes da votação da admissibilidade do afastamento de Dilma pela Câmara, aquela fatídica sessão de 17 de abril que expôs o Brasil ao escárnio universal. Não tinha como esconder a pretensão de convencer deputados indecisos, anunciando um perfil que não tinha e nem viria a ter.
As suas atitudes de homem vingativo, mesquinho, essas jorrariam assim que ele assumisse a vaga que parece não perceber como interina.
O Palácio da Alvorada foi praticamente cercado, sendo filtrados e identificados todos os seus visitantes. Aberrantemente, chegaram a ser barrados o presidente e o vice-presidente do Senado Federal. Foi cortado o próprio direito às compras de gêneros que abastecem o Palácio da Alvorada. Não apenas para uso de Dilma, mas do pessoal que serve no local. Embora ainda no cargo (apesar de afastada), também a assessoria da presidente foi reduzida.
A mesquinharia não ficaria nisso. Vale lembrar a frase atribuída ao velho cacique da política baiana Antônio Carlos Magalhães, que pode ter levado a que ficasse conhecido como Toninho Malvadeza: “A política vale pelo mal que se pode fazer.”
O episódio é lapidar, com a mesquinharia sendo exercida de forma a alardear a capacidade pessoal de exercer o mal. Apesar de Eduardo Cunha, mesmo afastado judicialmente da Presidência da Câmara dos Deputados, continuar fazendo uso das aeronaves em seus deslocamentos, foi determinado à FAB que não cedesse aviões a Dilma, salvo nos deslocamento entre Brasília e Porto Alegre, sua cidade de origem.
A MILITÂNCIA SE LEVANTA
Não iria ficar assim!
Duas amigas de Dilma, amizades herdadas de histórias comuns no tempo da militância na resistência à ditadura, das prisões e da tortura, resolveram se insurgir contra essa clara tentativa de Temer de tentar impedir a presidente de atender aos inúmeros convites para mobilizações em que possa denunciar o golpe contra o seu mandato.
Guiomar Lopes e Celeste Martins expuseram o inconformismo a Dilma e resolveram tomar a iniciativa de lançar o movimento “Jornadas pela democracia”, uma vaquinha (crowdfunding), com o objetivo de arrecadar dinheiro para que a Dilma pudesse viajar pelo Brasil em defensa contra o golpe.
Afinal, ao ser interpelada contra a decisão de Temer, a Justiça decidiu que Dilma pode viajar em aviões da FAB, mas tem que reembolsar o dinheiro utilizado.
Enfim, voltou a mobilização da militância simpática ao PT, a Dilma ou simplesmente contra o golpe em curso. Reedita-se iniciativa semelhante em que os condenados petistas na AP 470 (“mensalão”) foram poupados do pagamento das multas impostas judicialmente. José Genoíno, José Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo tiveram as multas custeadas a partir de grandes campanhas de arrecadação.
Fica mais uma vez provado que quem tem militância vai até o fim do mundo.
Bastaram dois dias para que fosse suplantada a meta fixada de R$ 500 mil. Motivo para enorme emoção dos que participaram e dos ainda propensos a contribuir. Tanto que a campanha prossegue para que efetivamente se viabilize a sustentação de outros custos da atividade de Dilma contra o golpe.
No fechamento dessa matéria, com apenas três dias, haviam sido arrecadados R$ 591.977, com a participação de 8.887 pessoas.
O endereço para a contribuição é https://www.catarse.me/pt/Dilma?ref=ctrse_thankyou.
Fernando Tolentino

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