terça-feira, 12 de outubro de 2010

É PRECISO ENTENDER SERRA E O PSDB

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(ou Serra mente sempre... e o PSDB sempre trai)
Fernando Tolentino

Sarney e Collor votam em Dilma e, por isso, Serra diz que são os ex-presidentes dela. Isso é verdade?
Vamos refrescar a memória.

Adivinhe quem era o líder do Governo Sarney no Congresso. Adivinhou? Fernando Henrique. Justamente quem Serra define como um ex-presidente dele. O PFL (hoje DEM) lhe dava base de sustentação. Estranho, né?!
Em 1986, Fernando Henrique chegou a declarar à imprensa que renunciaria à Liderança do Governo Sarney. Veio o Plano Cruzado, Sarney atingiu níveis inimagináveis de popularidade e ele desistiu da renúncia.
Em 2002, Serra se lançou candidato contra Lula. O problema é que havia, na sua tradicional base de apoio, o DEM, uma candidata que despontava em todas as pesquisas. Era Roseana, filha de Sarney, condição que lhe dava ainda condições de arrastar um apoio considerável do PMDB. Tudo indicava que ela disputaria o segundo turno contra Lula. Até que veio a operação Lunus. O presidente era Fernando Henrique, que lançara Serra, e a Polícia Federal realizou uma operação em que pilhou aquela montanha de dinheiro que seria usada na campanha da filha de Sarney. Aquela montanha de dinheiro que encheu a tela de sua televisão, transmitida em horário nobre você bem sabe por quem. Pois até a mais ingênua e alienada freirinha de São Luís acredita que havia o dedo de Serra naquela operação da PF.
Roseana retirou a candidatura e Sarney votou em Lula.

O PT, de Dilma, era oposição.

Depois veio o governo de Collor. Seu vice era Itamar Franco, que Serra também define como um ex-presidente dele. O PFL era também o seu principal apoio. O secretário de Governo, Jorge Bornhausen (DEM-SC) disse, quando foi convocada a CPI para apurar denúncias contra o seu governo, que ela não daria em nada. O falecido cacique baiano ACM (DEM até depois de morto, pois deixou o partido, na Bahia, sob o controle da sua família) ficou com Collor até a última hora.

Antes, logo após assumir, Collor recebeu a visita no Palácio do Planalto (junho de 1990) de Fernando Henrique e Euclides Scalco. Foram discutir o apoio do PSDB, que acabou não saindo, pela forte oposição dos tucanos liderados por Mário Covas.

O grupo mais à direita do PSDB não se deu por vencido. Em 7 de fevereiro de 1991, suas lideranças principais foram a um café da manhã no Palácio do Alvorada para retomar as conversas. Fernando Henrique e o então deputado José Serra eram os mais simpáticos à proposta, que teve outra vez forte reação da turma de Mário Covas.

Não deu tempo para o namoro prosperar. Vieram as denúncias, a CPI e o impeachment.
Itamar Franco, que fora eleito na chapa de Collor, como vice-presidente dele, fingiu-se de morto até o fim. Com o impeachment, assumiu o lugar do seu ex-companheiro.
O PT, de Dilma, era oposição.

O movimento pelo impeachment levantou a nação. O PT esteve na linha de frente da campanha para afastar o presidente. Com a popularidade do movimento, o PSDB, claro, embarcou nele.
Collor ainda tentou viabilizar-se em nova candidatura a presidente em 1998. O Judiciário a vetou. Collor declarou, à época, que votaria em Lula, definindo-o como o único candidato que realmente se opunha às pretensões de reeleição de Fernando Henrique.

Agora, respondam: por que Sarney e Collor votam contra Serra e o PSDB?

É fácil responder. Assim como Serra mente sempre, o PSDB sempre trai.

Collor deve ter motivos para acreditar que Itamar, um dos ex-presidentes de Serra, também o traiu.

E quem gosta de traição?!

Um comentário:

  1. Excelente texto, Tolentino! É preciso ter sangue de barata pra aguentar calado Serra e PSDB virem dar uma de boas companhias pra cima da Dilma e do Lula...

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