Este segundo turno da eleição de governador
do DF é terrível para mim.
Jamais votei nulo. Sempre entendi que as eleições têm um viés histórico e outro conjuntural e alguém será eleito qualquer que seja o meu voto. Esse entendimento foi determinante para jamais ter me arrependido de um voto, tendo sempre claro que a escolha tinha a ver com a circunstância política do momento em que votei, do papel que meu candidato cumpriria se fosse eleito. Procurei sempre ser criterioso na escolha. E todos eles cumpriram o papel que eu esperava naquele momento e naquele conjunto de circunstâncias históricas e políticas.
Observe que isso se repete desde 1966. Não foram poucas eleições.
Jamais votei nulo. Sempre entendi que as eleições têm um viés histórico e outro conjuntural e alguém será eleito qualquer que seja o meu voto. Esse entendimento foi determinante para jamais ter me arrependido de um voto, tendo sempre claro que a escolha tinha a ver com a circunstância política do momento em que votei, do papel que meu candidato cumpriria se fosse eleito. Procurei sempre ser criterioso na escolha. E todos eles cumpriram o papel que eu esperava naquele momento e naquele conjunto de circunstâncias históricas e políticas.
Observe que isso se repete desde 1966. Não foram poucas eleições.
Claro que alguns
deles não foram eleitos. Mantiveram-se, ao menos à época, do mesmo lado e nas
mesmas lutas.
Momento de perplexidade
Terrível, agora,
chegar a este momento e ter que optar entre as candidaturas de Frejat e
Rollemberg para governador do Distrito Federal. Nunca imaginei passar por isso.
Frejat é sabidamente um político de direita, ainda que seus votos na Constituinte tenham rendido avaliação positiva do DIAP com relação aos interesses dos trabalhadores, com nota bem acima da média. É também um homem digno, não se tendo notícia de corrupção no enorme volume de obras do sistema de saúde do DF que executou quando secretário de Saúde no tempo da ditadura, com os recursos facilitados pela enorme injeção de dólares então tomados ao Exterior. Há ainda que se destacar o sistema de saúde que deixou implantado.
Frejat é sabidamente um político de direita, ainda que seus votos na Constituinte tenham rendido avaliação positiva do DIAP com relação aos interesses dos trabalhadores, com nota bem acima da média. É também um homem digno, não se tendo notícia de corrupção no enorme volume de obras do sistema de saúde do DF que executou quando secretário de Saúde no tempo da ditadura, com os recursos facilitados pela enorme injeção de dólares então tomados ao Exterior. Há ainda que se destacar o sistema de saúde que deixou implantado.
Nada a assinalar nas
suas voltas à Secretaria. Dadas, no entanto, aquelas circunstâncias, poderia
merecer o meu voto, já que não existe opção à esquerda.
Mas, além de sua
opção pelo candidato do atraso a presidente da República e do combate hidrófobo
à passagens do PT pelo GDF, não seria irresponsável para fazer de conta que não
enxergo o restante de seu palanque: Roriz, Arruda, Luiz Estêvão, Gim, Fraga,
além de grande quantidade de elementos perniciosos de menor expressão.
A direita ou a nulidade que a ela se junta?
Do outro lado,
Rollemberg. O que dizer sobre ele? Nada. Simplesmente nada! Por mais cosmético
que lhe cubra e ensaios a que tenha sido submetido, nada além de um saco
vazio.
Deputado distrital
inexpressivo, arrastado da suplência para a Câmara Legislativa pelo PT, com os
espaços abertos pela convocação de Wasny de Roure para Secretário. E
aproveitado como Secretário no governo em que Cristóvam foi eleito pelo PT. É
claro que se elegeria em 1998, mas não há o que recordar desse mandato.
Com Lula presidente e
o PSB na base de apoio, foi aproveitado na equipe do Ministério da Ciência e
Tecnologia, mas também nada há de realização a relembrar. A coligação permitiu
que chegasse a deputado federal em 2006, mas também não há resultado significativo.
De toda essa
trajetória, lembra-se a sua insistência em uma tese inconstitucional: a de
eleição de administradores regionais. Ideia vazia. O gestor sem espaço
territorial claro, pois este pode ser redefinido a qualquer momento pela Câmara
Legislativa, que também estabeleceria o orçamento por proposta do governador.
Já pensaram em um governador adversário político do administrador? Além disso,
não haveria poder fiscalizador no nível equivalente. A Câmara Legislativa seria
o órgão fiscalizador de dezenas de administrações regionais! Proposta tão
inviável que não conseguiu sequer vê-la em uma discussão séria em seus dois
mandatos federais. Evitou até discuti-la nesta campanha para não se expor ao
ridículo. Vai insistir em implantá-la caso se eleja?
Em 2010, quando havia
duas vagas para o Senado, os articuladores da campanha do PT resolveram
oferecer as duas a partidos coligados. Contra imensas resistências internas,
vale lembrar. Foram lançados Rollemberg (PSB) e Cristóvam (PDT), que os
petistas já conheciam tão bem. Rollemberg jamais demonstrara simpatia pelo PT e
Cristóvam foi eleito pelo Partido oito anos antes, abandonando-o pouco depois e
se juntando às bancadas conservadoras do Senado para dar combate ao governo
Lula. Mesmo assim, ambos foram eleitos, com o peso da militância petista.
Ninguém esquece o discurso de Cristóvam, logo após a eleição, reconhecendo que
fora essa militância a responsável por sua eleição.
Com relação a
Cristóvam, só duas coisas não se espere jamais: coerência e
gratidão. A respeito, leia:
Os dois se fizeram
senadores com os meus votos. Eu já tinha claro que teria em Cristóvam um
provável adversário, como de fato ocorreu. Sabia que o mandato de Rollemberg
nada representaria para Brasília e o Brasil, mas fui convencido a votar nele
pelo PT, imaginando-se que isso ajudaria na eleição de Agnelo para o GDF. Não
me lembro de ver os dois pedindo votos para Agnelo, salvo manifestações
protocolares.
Como executivo
(secretário de Turismo) a única “realização” de Rollemberg está lá para ser
lamentada. Mal planejada, sem que interessasse a ninguém e inacabada: o Projeto
Orla. Do jeito que a deixou e sem justificar investimento, pois quase ninguém
vai lá, a não ser raríssimos pescadores e eventuais casais de namorados e
rodinhas de fumo que pretendem ficar longe de olhares indiscretos.
Uma disputa sem alternativas
Enfim, de um lado um
candidato com perfil de empreendedor, cercado de uma gangue da qual Brasília
conseguiu se ver livre há quatro anos quando até a sua autonomia já estava
posta em questão, tão evidente foi a criminalização do mandato de José Roberto
Arruda. Pouco tempo depois, por sinal, de Joaquim Roriz renunciar ao mandato de
senador para evitar a sua cassação, no que repetiu gesto do próprio Arruda anos
antes. Devidamente acompanhados de Luiz Estêvão, que não teve a oportunidade de
renunciar e foi efetivamente cassado, justamente pelos fatos que o levaram
agora à prisão.
Do outro, um político
sem passado de realizações, seja como executivo ou como legislador. A versão
perfeita e acaba do que se pode chamar de Nullemberg.
Em comum entre ambos
a clara opção pela direita, em Frejat como confirmação de sua história
política; em Nullemberg, como a
revelação do que estava escondido no seu perfil pela duradoura companhia do PT.
Opção que se tem claro, nos dois casos, por não terem projeto mais caro que a
destruição do Partido dos Trabalhadores.
A força do PT
Pois é justamente o
que lhes faz odiar tanto o PT que dá substância à decisão de votar nulo.
Dado o momento vivido
pelo Brasil e o perfil manifesto dos dois candidatos, pode o PT oferecer aos
brasilienses a oportunidade de experimentarem uma das alternativas escolhidas e
compará-las com o que foi o governo Agnelo.
Ao eleito restará dar
continuidade aos programas do governo liderado por Agnelo e pelo PT e, assim,
ser obrigado a reconhecer a injustiça do seu discurso durante a campanha. Ou
interromper esses programas e enfrentar a revolta da população, evidenciando do
que ela abriu mão ao impedir a continuidade do governo de mudanças no Distrito
Federal.
O PT, lamentamos
dizer aos dois e aos seus parceiros, continuará a sua caminhada. Desonerado do
peso indigesto de administrar a máquina pública, tendo a alvissareira
oportunidade de depurar o seu quadro de filiados e, com a graça de Deus, tendo
para exibir mais uma bem sucedida administração popular de Dilma Rousseff na
Presidência da República.
E, claro, nenhum
deles se esqueça que o PT cresce na oposição, inclusive com as suas bases
sociais, até por ser este o papel que a sociedade aprendeu historicamente a
aplaudir.
Fernando Tolentino
Pois é. Como já disse e escrevi por aí sempre que tive de votar em Cristóvam e Rollemberg o fiz contrariado. Agora, sinto-me descompromissado.
ResponderExcluirEm 2010, foi só disciplina. Ninguém acreditava nos dois.
ExcluirParabéns, excelente texto!
ResponderExcluirNestas eleições está acontecendo algo parecido com a Reação Termidoriana - o golpe de Estado armado pela alta burguesia, na época da Revolução Francesa, que marcou o fim da participação popular no movimento revolucionário.
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