O próprio cardápio da
eleição majoritária em si é absolutamente pedagógico.
Nem precisaria o TRE gastar
o dinheiro público em publicidade alegadamente para “orientar” o eleitor. Afinal,
é uma orientação que parece os eleitores como burros e ignorantes. Fica
praticamente na explicação dos documentos que deve levar para votar e de como
apertar os dedinhos na urna eletrônica.
As chapas majoritárias
disponíveis em Brasília, não. Essas politizam os eleitores, fazem que votem
segundo as suas próprias consciências. E quase sem precisar de tempo para
conhecer candidatos, partidos e coligações.
VANTAGEM EM TUDO
Toda eleição no Brasil
tem um grupo grande de eleitores do time que vê a vida pela lente de “levar
vantagem em tudo”. A gente fica imaginando que não teriam coragem de confessar
o nome de seus candidatos aos filhos, parentes, amigos, colegas de trabalho ou
até frequentadores da mesma igreja. Não é bem assim. São ousados! Uns se
escondem atrás do falso argumento de que “todo político é igual”, máxima
diuturnamente martelada pela grande mídia justamente para justificar a opção
pelo voto na direita. Outros, nem isso, assumem os seus nomes de preferência
com desfaçatez: “rouba, mas faz”. Nem sequer se dão ao trabalho de verificar se
alguma coisa realmente foi feita. E vão adesivando seus carros, exibindo fotos inqualificáveis
com a maior tranquilidade.
A folha corrida dos
membros da coligação do coração (coração?!) dessa gente não deixa qualquer
espaço para dúvidas. Na eleição deste ano em Brasília, juntaram-se todos
caprichosamente do mesmo lado.
Disputando a reeleição
ao Senado, a que chegou com a renúncia de Joaquim Roriz, Gim. Nem era de seu
desejo expor-se ao julgamento popular. Queria mesmo uma vaga vitalícia no
Tribunal de Contas da União, mas viu seu sonho se esfarelar ao viver a
circunstância ridícula de ver a indicação de seu nome rejeitado pelos demais
senadores após pesadas acusações, inclusive dos servidores do próprio órgão.
Ainda não se sabe se o
candidato a governador, Arruda, chorará de novo, jurando por seus filhos, como
fez após protagonizar a fraude do painel do Senado, depois confessando o delito
e renunciando ao cargo. Ou preferirá colocar no seu programa de TV as imagens
em que enche as mãos com dinheiro vivo, jurando aos seus eleitores que são
cenas “editadas”! E encontrando um culpado pela humilhação vivida ao ser preso
pelo crime pelo qual, por sinal está condenado.
É mesmo necessário
falar dos acompanhantes? Fraga, expressão minúscula, também colocou o nome.
Roriz se faz representar por suas filhas, uma delas no mesmo processo de
Arruda. Luiz Estêvão, ainda impossibilitado de sequer pleitear uma eleição,
coordena tudo.
Olhe bem em torno pra
ver se realmente não há um eleitor dessa turma perto de você. Segundo levantamento
do Instituto O&P, mais de um em cada cinco brasilienses (22,9%) assumem, ao
menos secretamente, que vão votar nessa gente. Diz o Ibope que o risco é maior:
onde houver três moradores do Distrito Federal, um pode ser eleitor deles!
Deus ajude, como eu
acredito, que eles tenham esbarrado no teto.
Nas
duas primeiras votos, a Orla de Rollemberg
A
seguir a Orla de Agnelo
OPÇÕES MARCADAMENTE DISTINTAS
Não considerando os
concorrentes menos apontados nas sondagens de opinião pública, as duas
propostas de chapas majoritárias alternativas também parecem ter tornado fácil
a escolha pelos eleitores.
Uma oferece o nome de
Geraldo Magela para o Senado e o do governador Agnelo Queiroz (acompanhado de
Filipelli) para a reeleição.
Magela praticamente
dispensa apresentação como pretendente a um cargo legislativo. Foi do primeiro
time de deputados distritais, aquele que elaborou a Lei Orgânica do Distrito
Federal. Repetiu o mandato uma vez, foi líder do governo de Cristóvam Buarque e
chegou a presidir a Câmara Legislativa. Depois de um mandato como deputado
federal , disputou o governo contra Joaquim Roriz (2002), após o que teve mais
dois mandatos na Câmara Federal. Tanto quando deputado distrital como no atual
governo, assumiu a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Agnelo concorre à
reeleição ao governo podendo ostentar um amplo cartel de realizações: além da
implantação do veículo sobre pneus (Expresso Sul) nos trechos de Santa Maria e
Gama até o Plano Piloto e da entrega do Estádio Mané Garrincha, pode arrolar,
para citar só alguns casos, a contratação de mais de 4 mil professores efetivos
e 6,5 mil temporários; mais de quatro mil médicos, entre outros profissionais
de saúde; a construção de 6 UPAs; 8 vilas olímpicas; a implantação de tempo
integral em 284 escolas; 27 creches, a entrega de 100 mil moradias até o final do
ano; a explosão de um cartel que se impunha no transporte coletivo de Brasília
há 50 anos e a entrega (por inédita licitação) de 2.364 ônibus novos; e a
reforma do asfalto de praticamente 50% das vias do DF. Além disso, atingiu a
erradicação do analfabetismo e da pobreza extrema.
E do outro lado?
A alternativa de
coligação aparentemente mais competitiva até o momento tem ao menos uma
circunstância estranha. O candidato ao Senado, portanto para o Legislativo, é
Reguffe. Deputado distrital em uma legislatura e federal em outra, não há
projetos que tenham marcado sua passagem pelas duas casas. Seus maiores
trunfos: o de ter admirável comparecimento às sessões poderia levar a que
tivesse ação legislativa mais intensa; o de gastar menos no gabinete que os
demais deputados talvez tenha atrapalhado isso, pois pode ter contado com
carência de assessoramento.
Estacionamento
na Orla de Rollemberg
Uma
mostra da frequência na Orla de Agnelo
Rodrigo Rollemberg,
candidato a cargo executivo, é mais conhecido como parlamentar, em duas
passagens pela Câmara Legislativa e quatro anos de mandato de senador. Como
executivo, sabe-se de quando ocupou a Secretaria Nacional de Inclusão Social
(Ministério da Ciência e Tecnologia) e o período em que se licenciou do mandato
de deputado distrital e foi secretário de Turismo no governo de Cristóvam
Buarque. Do período, dá pra lembrar da
implantação do chamado Projeto Orla, localizado à beira do Lago Paranoá, atrás
da Concha Acústica, nas proximidades do Palácio da Alvorada. Uma passada por lá
evidencia que aparentemente não chegou a ser concluído e não se firmou como
opção d lazer dos brasilienses. Chega a ser aberrante a comparação com a área
de lazer implantada pelo governo Agnelo no final da Asa Norte, em que as opções
de esportes náuticos, o parque infantil e a passarela à beira do lago
regurgitam de visitantes nos fins de semana, mas também recebem bom público nos
dias úteis.
A ver!
Fernando Tolentino
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