A Exposição Universal de 1889 foi a forma escolhida pelo governo francês para celebrar o centenário da sua revolução. Para tornar ainda mais marcante o evento, decidiu erigir um monumento no Campo de Marte, no centro de Paris, realizando um concurso para a escolha do projeto. Venceu o do engenheiro Gustave Eiffel, uma torre com 324 metros de altura, o maior edifício de todo o mundo àquela época. Concluídas as festividades, quem ousaria desmontar a Torre Eiffel? Acabou não só sendo mantida, como se tornou o próprio símbolo da França moderna.
O
que talvez pudessem esperar os brasileiros a partir de hoje, encerrada a Copa
do Mundo, a julgar pelo que viram durante anos de noticiários?
Então
aquele metrô ainda está em funcionamento? Veículos sobre trilhos e pneus
continuam circulando? Os estádios não estão sendo desmontados? Avenidas, pontes
e viadutos ainda estão lá? Aeroportos vão ficar por aí? Policiais não estão
sendo demitidos?
Não
eram somente obras para a Copa?
A
Torre Eiffel não teria “serventia” e deve ter consumido recursos negados a
várias necessidades dos franceses de 1889. Mas ainda é o monumento pago mais
visitado do mundo. Mesmo não podendo ainda ser definida como propriamente uma
“utilidade” para os parisienses e demais franceses, rende certamente dividendos
muito superiores aquele investimento. Como rende o Cristo Redentor para o Rio
de Janeiro e mesmo o Brasil.
Isso
se chama legado.
O
Mané Garrincha (o “elefante branco”, lembram?) já havia recebido mais público
antes da Copa que o velho estádio recebera em 35 anos. Durante a Copa, esteve
entre os de maior presença de torcedores. E já ninguém é capaz de apostar que
deixe de ser uma referência como sede de eventos, inclusive importantes partidas
de futebol. Querem apostar?
Desde
a inauguração, aeroportos, hotéis, avenidas, ciclovias, viadutos, estradas
estão à disposição dos brasileiros. Mas também de estrangeiros que conheceram o
Brasil diretamente ou por meio de milhares de jornalistas que se deslumbraram
com o que viram. E, claro, com o acolhimento que lhes deram os brasileiros e
que dificilmente encontram em outro lugar do mundo. Se esse crescimento do
turismo se deu na Coréia, no Japão ou na África do Sul, por que não seria assim
no Brasil?
Mas
não é só. O investimento foi otimizado, pois vêm aí Olimpíadas e
Para-Olimpíadas, inundando mais uma vez o Brasil de atletas, jornalistas e,
principalmente, turistas.
Mas
quem disse que o legado está restrito a obras? E a preparação de pessoal para o
turismo receptivo? E o fortalecimento e a capacitação de nossas polícias?
Aliás,
ninguém esqueça que um dos mais importantes legados foi a credibilidade.
Turistas e jornalistas saíram daqui definindo o Brasil como um país seguro. Ou
pelo menos extremamente mais seguro do que lhe assegurava a mídia brasileira.
Fora um alemão mais afoito que se afogou no mar da Bahia, uma executiva que não
resistiu a um AVC em Salvador, os belgas irresponsáveis que resolveram fazer
uma ultrapassem proibida a caminho de Brasília, são quantos mesmo os casos de
mortes? Ou até de vítimas de agressões, de assaltos, de violência? Quantas
manifestações violentas impediram a chegada aos estádios?
Para
que ninguém esqueça de rasgar um elogio às forças de segurança brasileiras,
acabou desbaratada uma quadrilha enquistada na antessala da própria FIFA e que
agira mais ou menos livremente na África do Sul e em países que deixam nossas
elites embevecidas, como Japão, Coréia, França e Alemanha.
Mas
cidadãos comuns deram também mostras eloquentes de que não vivemos em um país
de bandidos. Ou já não lembramos dos garis paranaenses devolvendo o ingresso
encontrado no lixo, do taxista de São Paulo que levou aos mexicanos os 40
ingressos esquecidos em seu carro ou da desempregada nordestina restituindo os
dólares perdidos pelos turistas?
Foi
só? Um dia poderemos avaliar a quantidade de negócios paralelos que a vinda de
centenas de milhares de estrangeiros oportunizou.
O
mundo se curvou e felicita o Brasil pela Copa
das Copas, a tão ridicularizada expressão cunhada por Dilma Rousseff, que
virou troça nas bocas, nos cartazes, nas linhas e nos sinais de TV em que só se
alimentava o receio do #nãovaitercopa. Foi melhor Copa de todos os tempos,
segundo relatos de turistas, jornalistas internacionais, atletas e cartolas
estrangeiros e inclusive os rabugentos dirigentes da FIFA.
Fico
até imaginando o que se passa nas cabeças dos russos, receando que a Copa de
2018 frustre quem quiser encontrar algo à altura da que realizamos. Se
conseguirem ter a necessária estrutura, a indispensável organização, como aqui
oferecidas, dificilmente terão um país tão aprazível, com as suas belezas
naturais. Se também conseguirem deslumbrar os visitantes com sua natureza,
terão um povo tão entusiasticamente receptivo?
Não
faltasse mais nada, a Copa de 2014 foi a que reuniu maior número de mandatários
internacionais. A presidenta Dilma Rousseff teve a chance de fazer importantes
encontros bilaterais com nove chefes de estados e governos estrangeiros, que
não perderiam uma Copa no Brasil por nada deste mundo. E, no final, o fecho
triunfal: a realização da cúpula dos BRICS, para bater o martelo na criação de
um organismo alternativo ao antes tão famigerado Fundo Monetário Internacional.
Deixe
resmungarem, dizendo-se envergonhados, quem estranhamente mais faturou com a
Copa do Mundo no Brasil.
A
seleção canarinho (logo ela!) foi um fiasco. Não ganhamos o Hexa. Espero poder
dizer que ainda não ganhamos! Quem sabe esse não seja mais um legado? O momento
ainda não é de respostas. Por enquanto, a mesma mídia que tenta colocar a perda
do título no colo do governo, como se lhe coubesse culpa, dirigisse o futebol,
faz um estardalhaço quando o governo propõe uma revisão total na anacrônica
estrutura desse mesmo futebol. Alega que governo não pode se meter nisso. Mas
não foi dele a culpa?!
A
verdade é que, se ainda não vencemos o Hexa, O BRASIL GANHOU A COPA!
E
eu sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor.
Fernando Tolentino
Se quiser pode entrar no clima e ouvirhttps://www.youtube.com/watch?v=l01ndIT2ruA&feature=youtu.be
Nada como o tempo para mostrar que ninguém é dono da verdade.
ResponderExcluirParabéns por suas palavras - Só que não...