Se Michel Temer
atemorizou-se com as assombrações que teria visto no Palácio do Planalto e
voltou para o do Jaburu em março, uma semana e R$ 24 mil em reformas depois da mudança para lá,
imagino as que o assustam agora.
Íntimo de Eduardo
Cunha, sabia bem o que poderia seduzi-lo e assegurar o silêncio do ex-deputado,
garantindo a impunidade e o exercício do poder por ele, Temer. De quebra, o do
operador Lúcio Funaro, também preso pela Lava-Jato. Mesadas generosas eram
pagas pela JBS para que ficassem calados, tudo autorizado pessoalmente por Temer:
"Tem que manter isso,
viu?"
Temer só não contava com a
esperteza dos irmãos Batista (Joesley e Wesley), controladores da JBS, também
alcançados por investigações. A conversa criminosa com Temer foi devidamente
gravada e passou a constar de delação à PGR, que aguarda homologação pelo ministro
Edson Fachin, do STF. Batista também apresentou gravação comprometendo Aécio
Neves, que pediu uma propina de R$ 2 milhões, que foram parar nas mãos do
senador Zezé Perrela, o dono daquele helicóptero, apreendido com cocaína, caso
não esclarecido pela Polícia Federal três anos e meio depois da apreensão. A
numeração do dinheiro de Aécio foi previamente anotada e a PF instalou chips
nas malas utilizadas, além de seguir o portador.
O caso veio à tona na
coluna de Lauro Jardim (O Globo), tornando-se imediatamente destaque em todos
os órgãos da grande imprensa brasileira.
Já se tem como certo que
o governo de Temer não deve durar mais muitos dias. Não pode ser alegado sequer
que fossem delitos anteriores ao mandato, pois a gravação teria ocorrido em
março deste ano. O potencial explosivo é imenso, pois significa pelo menos
participação em corrupção ativa e obstrução de justiça.
As sessões do Congresso
foram suspensas, pois a base parlamentar do governo simplesmente evaporou e a
tendência é que o governo fique paralisado até que tudo tenha uma conclusão.
Fica a pergunta: como
explicar que um governo nascido com escancarado apoio da grande mídia e que
contou com um relacionamento que pode até ser definido como de parceria, tem o presidente com as vísceras repentinamente
expostas com tanta crueza?
Claro que o conjunto de
provas não permitia tergiversação. Mas bastaria a grande mídia
simplesmente combinar que não as viu. Não seria notícia e, no Brasil, o que não é notícia
não aconteceu...
Determinantes podem ter
sido dois fatos.
A reação popular às
reformas trabalhista e da Previdência foram muito além do esperado. O governo se
viu obrigado a fazer recuos diante de sua base parlamentar, com alterações indesejadas
na Proposta de Emenda da Previdência e, mesmo com elas e vultosos recursos à
disposição dos parlamentares, não podia assegurar a aprovação.
Por outro lado, ao
mesmo tempo que negociavam a delação no Brasil, os irmãos Batista articulavam um acordo de leniência com o Departamento de
Justiça dos Estados Unidos, onde o grupo tem 56 fábricas, lidera o mercado do
segmento em que atua e precisa abrir o capital na Bolsa de Nova Iorque. É de supor que tenham levado
demonstrativos do que ocorre aqui, o que faria a notícia explodir por lá. Como
esconder no Brasil?
A outra pergunta é se
os setores responsáveis pelo golpe de um ano atrás, quando derrubaram a
presidenta Dilma Rousseff, pouco mais de um ano após uma eleição com mais de
54,5 milhões de votos, tem controle suficiente da situação, a ponto inclusive
de conter a onda de indignação que já começou a tomar conta das ruas.
Fernando Tolentino
Começa nascer novamente a esperança de um Brasil melhor! Começo acreditar que a justiça tarda mas não falha, ou melhor dizendo,ela vem na hora certa!
ResponderExcluirTodos na rua hj!
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