"Lindbergh
escapou de ser assassinado ontem por um fanático de direita", escreveu
Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo, relatando episódio em que um
casal, alucinado, investiu contra o senador e sua esposa na saída de um
restaurante.
Além de
revoltante, o episódio beirou o ridículo. O homem chegou a tirar a camisa
exigindo que a discussão evoluísse para a "porrada". A mulher de
Lindbergh foi jogada no chão.
O mais
sério é que a cena não teve nada de inédito. Há poucos dias, foi o candidato a
prefeito do Recife pelo PT, João Paulo, quem teve dificuldades para escapar de
uma agressão. O economista Bruno D'Carli investiu contra ele também em um
restaurante.
Constrangimentos
ao menos próximos disso já experimentaram recentemente o ator José de Abreu e os
ex-ministros Guido Mantega e Alexandre Padilha.
A
coincidência é que as manifestações visam sempre os petistas e seus aliados.
Muitos
dos leitores já devem ter passado por situações semelhantes. Eu cheguei a
abandonar um grupo de familiares no Facebook ao ser escorraçado por uma prima
que não se conformava com as minhas discordâncias.
Mas o
ódio vai além disso.
Muitas
vezes revela simplesmente a incapacidade de se conviver com contrários. Não
raro, tem traços nítidos de luta de classes. Como nos casos de jovens de classe
média brasilienses que atearam fogo e assassinaram o índio Galdino ao
confundi-lo com um morador de rua. Ou na repetição de situações como esta nas
ruas de São Paulo.
Não
escapa dessa categoria a declaração do candidato a prefeito de Curitiba Rafael
Grecca, que disse ter vomitado ao tentar pôr um pobre dentro de seu carro.
Segundo ele, por não aguentar "cheiro de pobre". O que é cheiro de
pobre? Até agora, eu não consegui descobrir.
Esse ódio
de classe mobilizou multidões indignadas com os governos de Lula e Dilma, que
lhes impunha a convivência com gente humilde em ambientes que julgava como
privativos e até a perda de espaços para essas pessoas, como na política de
cotas.
Mas é
possível encontrar o ódio com a mesma intensidade entre torcedores de futebol,
inclusive com a disposição para matar, como se viu torcedores do Sport do
Recife fazerem com um chefe de torcida do Santa Cruz.
Diariamente,
há exemplos de disputas de trânsito que provocam mortes ou mesmo agressões que
poderiam levar a elas.
Alguém
tem que dar um paradeiro nisso.
Tenho pelo
menos a convicção (estamos em tempo de tê-las, não é verdade) de que a solução
não virá de uma reforma do ensino que retire dos jovens os estudos de
humanidades, reduzindo o ambiente escolar à mera formação profissional ou
tecnicista.
Fernando Tolentino
Eu também já fui muito bombardeado pelos colegas de faculdade, tanto no grupo do watzap, e também em sala de aula mas, sempre defendi os governos Lula e Dilma.
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