"Alguém
poderia avisar a Tropa de Choque que essa região faz parte do meu Tribunal do
Júri e que se eles matarem esses filhos da puta eu arquivarei o inquérito policial". O aviso foi publicado no Facebook por Rogério
Leão Zagallo, membro do Ministério Público de São Paulo. Havia uma manifestação
do Movimento do Passe Livre e isso paralisou o trânsito. Isso irritou o promotor
que ia pegar o filho na escola.
É possível que sua
postagem tenha sido o gatilho para o crescimento abrupto do movimento, explodindo
nas imensas manifestações de junho de 2013. O destempero motivou a sua punição
(se dá pra chamar isso de punição) com 15 dias de suspensão. Ele recorreu, mas
pelo menos essa penalidade foi mantida. Agora, ele será o responsável por
investigar a suspeita de que dois policiais militares assassinaram duas pessoas
na periferia da capital paulista quando já as tinham sob controle.
Sou
servidor concursado e entendi claramente que era de coisas assim que Lula
estava falando em sua
manifestação sobre entrevista de procuradores da República que convocaram a
grande mídia para incriminá-lo, ainda que não apresentassem provas. Ao comparar as responsabilidades de servidores concursados
com as de titulares de mandatos eletivos, denunciou que ocorre o uso da
estabilidade como instrumento de poder.
Dizia
que a população tinha como punir, nas urnas, os políticos pelo que considerasse
inadequado no exercício do poder, o que não é possível com tais servidores.
Em
suma, falava de abuso de poder. Do uso da estabilidade como biombo para o
arbítrio, para a decisão pessoal de alguns servidores, ao seu bel prazer, usarem
ou não o poder que lhes é dado ou até o poder que não têm, mas exorbitam.
Exemplos
não faltam. Como no caso do irascível e irresponsável promotor Zagallo. Como na
ação sistemática de policiais militares (ou militantes?) de São Paulo, parceiros
entusiásticos dos manifestantes contra o mandato de Dilma Rousseff e violentos
algozes dos que protestam contra o golpe deste ano. Como a extorsão de fiscais
contra comerciantes ou ambulantes, como médicos ou funcionários de hospitais
que se sentem à vontade para furar as filas em favor de pacientes protegidos. Como
os juízes que favorecem ou prejudicam as partes que lhes são simpáticas ou os
desafetos, como investigadores policiais ou procuradores que escondem provas ou
tentam destruir a reputação de um investigado, ainda que não disponham de
qualquer prova, para isso se valendo inclusive de meios irregulares.
Fábio Kerche, jornalista e doutor em Ciência Política, detalha a explicação em seu artigo Políticos e funcionários públicos:
Madison, que foi
presidente dos Estados Unidos e um dos fundadores da democracia americana,
dizia que os homens não eram anjos. Por não serem anjos, os ocupantes de cargos
públicos precisam de controle. As eleições são uma forma de fazermos isso. O
funcionário público não ganha asas angelicais por passar num concurso público.
A criminalização da
política e a judicialização dela, que estamos cotidianamente assistindo, é
perigosa porque afasta os eleitores da possibilidade de interferir, por meio do
voto, no debate. Por mais raiva que a política e os políticos possam gerar, nós
podemos puni-los de tempos em tempos. Um promotor, que também é funcionário
público, está mais distante de nosso instrumento de controle e de incentivo: o
voto.
Como
Lula falou de abuso de poder, não me senti sequer indiretamente atingido.
Fora
isso, é a solerte tentativa de fraudar a fala de Lula para disseminar uma
convicção absolutamente diferente da realidade. Foi o que circulou insistentemente
em redes sociais nos últimos dias.
Não
vai pegar. Primeiro, porque a esmagadora maioria dos servidores públicos não se
sente na condição de manipular as suas atribuições para privilegiar ou prejudicar
quem quer que seja. Segundo, porque seria preciso gastar um oceano de saliva
para os servidores concursados em geral se sentirem semelhantes à categoria dos
procuradores. Afinal, não têm os mesmos privilégios, como os seus inalcançáveis
salários, que deverão ter mais um incremento de invejáveis 16% em janeiro. Mais
auxílio moradia acima de R$ 4.300, sobre ele não incidindo sequer Imposto de Renda.
Finalmente, porque os servidores concursados – os não vinculados a partidos e
correntes políticas comprometidos com a destruição do PT e seus líderes –
conhecem direitinho esse bê-a-bá.
Como nos informa
texto de Sandro Silva (A falsa polêmica
entre Lula e os concursados), havia 1.033.548 servidores públicos federais
quando Fernando Henrique Cardoso assumiu em 1995. O número foi reduzido para 912.192
no fim dos oito anos de seu mandato: 15.170 servidores a menos por ano. Nos
oito anos de seus dois mandatos, Lula elevou esse número daqueles 912.192 para 1.111.633,
nada menos de 29.062 novos concursados por ano. Embora em ritmo menor, o número
continuou crescendo com Dilma: a admissão de uma média de 13.483 novos concursados
anuais nos seus três primeiros anos de governo. Total do efetivo: 1.152.080.
Não é só isso. Depois
de oito anos com salários congelados, a despesa média por servidor nos anos
Lula cresceu mais de 120% de 2003 e 2011, enquanto a inflação ficou em torno de
52% no período.
Houve ainda medidas de valorização dos servidores concursados,
como uma substancial reserva de vagas para eles nas funções de direção e
assessoramento superiores.
Tem mais. Nem bem foi afastada a presidenta Dilma e já se revela a
conta que será jogada sobre as costas dos servidores públicos.
Na reforma previdenciária, será preciso atingir uma idade mais
elevada para que possa se aposentar, com o detalhe de que desaparecerão as
aposentadorias especiais, aquelas que podem ser alcançadas mais precocemente, como
é o caso dos professores e dos policiais. Tem-se como certo que o desconto
previdenciário será também elevado, dos atuais 11% para 14%.
Afora isso, já foi definido que os salários voltam a ficar
congelados e que não haverá mais concursos públicos, salvo aqueles que já foram
aprovados. Por fim, já se flexibilizou a reserva de funções de direção e
assessoramento superiores para os servidores concursados.
Daí, dá pra alimentar a convicção de que Lula fez uma fala contra
os servidores concursados? Cadê as provas?
Fernando Tolentino
Acredite, a fala do Presidente Lula em relação aos servidores concursados, foi compreendida pela maioria do povo brasileiro. Está sendo deturpada propositalmente e alimentada pelo seus algozes como pretexto para mais uma vez coloca-lo em desfavor da opinião pública. Mas é claro que esta interpretação só poderá ser aceita por aqueles que já consideram que atingiram seus objetivos. Eu particularmente vejo os frequentes espetáculos apresentados por aquela equipe de procuradores, como pretexto para conseguir espaço nos meios de comunicações, fugindo completamente a finalidade de suas funções. Acredito até que estes procuradores, estão usando as suas funções para se projetarem politicamente ou ainda seja uma situação muito mais perigosa. Estão a mando de quem? Que interesse político ou financeiro está por trás desta criminosa atitude?
ResponderExcluirAcredite, a fala do Presidente Lula em relação aos servidores concursados, foi compreendida pela maioria do povo brasileiro. Está sendo deturpada propositalmente e alimentada pelo seus algozes como pretexto para mais uma vez coloca-lo em desfavor da opinião pública. Mas é claro que esta interpretação só poderá ser aceita por aqueles que já consideram que atingiram seus objetivos. Eu particularmente vejo os frequentes espetáculos apresentados por aquela equipe de procuradores, como pretexto para conseguir espaço nos meios de comunicações, fugindo completamente a finalidade de suas funções. Acredito até que estes procuradores, estão usando as suas funções para se projetarem politicamente ou ainda seja uma situação muito mais perigosa. Estão a mando de quem? Que interesse político ou financeiro está por trás desta criminosa atitude?
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