Madeira branca, não
mais que um metro de comprimento. Dentro, um lindo menino que deu um pulinho
por aqui, um ano e sete meses entre nós. O último salto foi na piscina.
Ali estive para unir o
meu sentimento ao da mãe, ao da avó. Sei que precisavam do abraço de cada de
nós que ali estivemos e as acompanhamos à despedida.
São minhas vizinhas. Às
vezes, trocamos algumas palavras e gentilezas, como pelo menos cumpre ocorrer entre
vizinhos.
Sei que não me
perdoaria pela ausência. Precisava chorar com elas e o fiz em abundância. Em
momentos assim, diante de tão intenso sofrimento, não consigo evitar essa
empatia, negar essa explosão de sentimentos, que chega ocasionalmente a me
causar algum constrangimento, sendo cumprimentado como se fosse eu o parente.
Não importa. Sentimento
não é para ser reprimido.
A certa altura,
assaltou-me um pensamento. Aquela vizinha tem horror a Lula, não gosta nem de
ouvir falar em Dilma, muito menos do PT. E deixa isso claro, pois meu
compromisso partidário e minha admiração pelos dois acabam penetrando em nossos
poucos diálogos.
Nem sei se, por isso,
nutre alguma (ou muita) antipatia por mim.
Não importa. Naquele
momento, eu a vi como uma pessoa frágil, assim como a sua filha. E pessoas em
momento de sofrimento precisam de conforto, de afago, e merecem receber. Merecem
isso que se chama solidariedade.
Não consigo entender
como alguém pode ter outro tipo de atitude em face de uma situação como essa.
Mas sei que voltei dali muito
melhor. Voltei daquele sofrido sepultamento como se tivesse sido eu quem
recebeu os afagos.
Fernando Tolentino
Parabéns esse gesto de solidariedade é da sua natureza, sempre ajudando os amigos e também inimigos...Deus o abençoe
ResponderExcluirGrato, Marcos Suel. Sei que não quis chamar as personagens citadas de inimigas, mas referir-se a situações outras. De qualquer forma, vale esclarecer que não as tenho nessa condição. De maneira nenhuma.
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